17 Meses!!!

Parabéns meu pipoquita! Fazes hoje 17 mesinhos e que 17 meses têm sido!!!
Cada vez que me lembro quando chegaste no ovo a casa, quando te pousámos em cima do sofá e ficámos, o teu pai e eu, a olhar um para o outro como que a dizer “E agora???”…
Depois foi como se acordássemos e de repente soubéssemos exactamente o que fazer. Pusemos música clássica baixinho para ouvires e ficámos os três juntinhos no sofá no que deve ter sido o dia mais calmo desde que nasceste!
A partir daí tem sido uma correria, és muito irrequieto e como tal momentos como aquele não se repetiram com a frequência desejada mas eu até gosto que sejas assim. Tens vida em ti como só as crianças conseguem, uma vontade de descobrir tudo à tua volta, uma alegria que contagia todos, um aprender constante e acima de tudo um amor incondicional pelos teus papás.
Estás quase a fazer ano e meio, o tempo tem passado a correr desde que fizeste 1 ano… Estás um rapazito, daqui a nada vais para a escolinha e eu vou ficar o dia todo a pensar em ti, no beijo que me vais dar quando te for buscar, nas novidades e tropelias que me vais contar ao final do dia, na maneira como vamos ficar os dois abraçados quando te for deitar. Estes são os pensamentos de uma mamã que não te quer largar mas tem que o fazer aos poucos…
Adoro-te filhote e hoje quero celebrar com muitas cócegas e brincadeira estes teus 17 mesinhos de vida intensa! Parabéns mais uma vez…

Bom dia meu amor...

Bom dia meu amor! Sinto-me tão feliz por ser a tua mamã…
Todos os dias, com pequenos gestos, ofereces-me momentos mágicos que jamais irei esquecer…
Nunca pensei realmente que o amor que tenho pudesse aumentar mas o facto é que todos os dias te quero mais, todos os dias preciso mais e mais de estar contigo. Se pensar bem não acho que o amor aumente porque como se pode aumentar algo infinito?...
Acho antes que o meu amor por ti amadurece dia após dia, vivo cada vez mais o facto de ser mãe, sinto-me cada vez mais plena, mais feliz, mais agradecida pelo amor, pela cumplicidade que temos os três como família.
Sei que esta é uma lamechice que só vais perceber quando tiveres também um amor maior que a própria vida por alguém, quando sentires que um ser existe porque tu quiseste, porque lhe deste parte de ti, porque o desejaste antes mesmo de ser um minúsculo conjunto de células que cresceram, se agruparam e se transformaram na luz da tua existência.
Hoje sei que ter um filho é um acto egoísta, o supremo acto egoísta porque de facto ninguém pede para nascer, é um instinto que quase todos nós temos de continuidade, de protecção, de amor para dar, e de tantas outras razões por vezes inexplicáveis…
Mas também sei que mesmo sem teres pedido para nascer adoras todos os segundos, vives intensamente com uma alegria de criança que reduz todos os sacrifícios por nós feitos a nada… Mereces tudo, és o filho que eu sempre pedi a Deus e por ti sou capaz de tudo, sinto-me capaz de lutar contra o mundo se preciso for…
Só por uma vez ainda bem que fui egoísta…:)

Manhã feliz

Hoje filhote ficaste comigo a manhã toda! Tão bom… :)
A tua avó tinha uma consulta e tiveste que ficar comigo. Assim é que vejo tudo o que perco quando não estou contigo… estás tão crescido, já fazes tanta coisa e percebes tudo tão bem!
És muito meiguinho, adoras dar beijocas e xi’s bem apertadinhos e andas atrás de mim para todo o lado… Chegas a empurrar-me para ir onde queres, perguntas se podes fazer certas coisas que sabes não poder e quando passas por elas fazes “não, não” com a mãozita...
Não te esqueces de nada e a partir de agora tenho que ter muito cuidado com o que prometo… Disse que te ia calçar primeiro e depois íamos buscar uma chucha (já estavas a ficar com soninho…) para brincarmos ainda um bocadinho no teu quarto. Quando acabei de te calçar ia já toda lampeira para o teu quarto quando te vi parado em frente à cozinha, onde estão as chuchas, a dizer “Ti” que é como chamas às chuchas e a apontar freneticamente… Não deixas passar nada!
Acordaste cedo mas como hoje não ia sair de casa o teu papá deixou-te ao pé de mim na cama, adormeceste novamente abraçado a mim e assim estivemos os dois juntinhos até acordares às 9h30 da manhã… Acordaste a fazer gracinhas e a rir, depois saltaste para cima de mim a fazer cavalinho enquanto te espreguiçavas e deste-me um abraço daqueles que me derretem toda. Depois fui fazer-te a papa que comeste a ver os desenhos animados no Baby T.V. (hoje foi mesmo dia de festa hein?...) e foste “ajudar” a mamã a fazer a paparoca para o pequeno-almoço. Tiraste todas as laranjas do cesto e andaste a fazer uma remodelação na gaveta das receitas (a única que podes mexer), parecia que tinha passado por ali um furacão!
Mas tudo vale a pena para te ver brincar, adoro olhar para ti enquanto brincas sozinho, ver como pensas, como te apercebes de todas as coisas.
Estás tão lindinho que só me apetece apertar-te, encher-te de beijos e não largar mais! Agora já estou a trabalhar e morro de saudades tuas…

Noite atribulada

Ontem à noite foi para esquecer…
Tens andado um bocadito constipado, nada de especial mas como achei que estavas um bocado entupido e para ver se passava rápido toca de dar aerossóis com soro fisiológico antes de te deitares… Os outros dias até que correram bem mas ontem não tinhas dormido a sesta como de costume e às 9h30 já estavas intratável…
Ainda pensei não te fazer o aerossol mas depois achei que assim dormias melhor e menos entupido…
Mãe também erra… e desta vez foi asneira da grossa!
Comecei a fazer o aerossol e ao principio até não estava a correr mal… A meio começaste a chorar e a querer emaranhar pelo papá acima… eu com a minha teimosia do costume, e a achar que era pelo melhor, insisti até ao final… Pois é… erro crasso! Começaste numa choradeira que te puxou a tosse e com ela todo o jantar para o meio do chão da sala…
Ele era massa e frango envolto em iogurte por todo o lado… paredes, chão, a tua roupa, sapatos… enfim.
Mas isso não me importa, limpa-se, arruma-se, tudo isso é secundário quando te vejo daquela maneira, aflito a querer respirar e sempre a sair mais vómito, a chamares mamã, como que a pedires que pare tudo aquilo e eu sem conseguir… é um sentimento de impotência, de fragilidade tão grande…
É claro que na altura tive que ser forte por ti, tentei acalmar-te, despi-te com calma e quase que adormeceste ao meu colo mas ainda era preciso mudar-te a fralda e vestir-te o novo pijama. Foste para o colinho do papá que suavemente te arranjou e te adormeceu ao colo enquanto eu fui tratar dos vestígios da guerra que ali se tinha dado…
Depois fui-te buscar e pousei-te de mansinho na tua cama, aninhado e envolto no edredão quentinho como se nada tivesse acontecido.
Mas a noite para nós não terminou por ai… ficámos preocupados e atentos a qualquer som que viesse do teu quarto. Até nisso mudei, agora qualquer som ínfimo me acorda e tenho um radar poderosíssimo que dá sinal de alarme a qualquer hora da noite…
Gosto de pensar que te sentes seguro connosco, que para ti somos uns anjos que guardam o teu soninho nem que para isso tenhas que, uma ou outra vez, ficar enroscado entre os dois papás a dormir.

Gracinhas & Truques

Hoje quero fazer um resumo de todas as tuas gracinhas e truques… é claro que não me vou lembrar de todos, já são tantos!!!

- Dizes adeus com a tua mãozinha gorducha de uma maneira tão fofinha…
- Fazes a lenga-lenga da pitinha
- Sabes dizer onde está a cabeça, cabelo, nariz, boca, dentinhos, barriguinha, pés, mãos e algumas coisas mais que não são para aqui chamadas… ;)
- Sabes dizer mamã, papá, titi, dá, pão (pan), queijo (quei), água (áá), mão, pé, pássaro (pá) e algumas outras palavras trapalhonas!
- Vais buscar a fralda quando sabes que tens que a trocar
- Dás uns xi’s enormes e beijocas deliciosamente babadas
- Atiras beijinhos para o ar
- Danças ao ritmo da música e pedes para pormos o CD que gostas
- Pedes para pormos o teu canal preferido (Baby TV) e se não o pomos vais buscar o comando e lá achas o canal! (não me perguntes como!!!)
- Já imitas, quando te pedimos, como fazes óó (deitado no chão, rabiosque no ar e carinha de lado…) Depois bates palmas!
- Consegues “cantar”, imitas os sons que ouves nas músicas e já não sais fora de tom!
- Já sabes lavar os dentinhos sozinho embora seja mais uma modalidade come escova do que esfrega dentes…
- Puseste no outro dia a chucha à avó quando te disse que estava com soninho… :)
- Já sabes comer sozinho embora a cozinha fique com nova decoração!
- Bates palminhas ao som de música, anúncios e programas hiper pirosos!
- Adoras o programa Contra Informação, os anúncios com animais e crianças e todos os anúncios realmente bons (será já alguma vocação? Talvez para contrabalançar os hiper pirosos!)
- Já jogas muito bem à bola e ao arrasta garrafão e bancos! … :)

Mais…mais e muito mais que me irei lembrando e relatando aos poucos. Por agora…
That’s all Folks! ;)

Hoje de manhã

Fiquei a olhar para ti por breves momentos hoje de manhã…
Dormias ainda, estavas tão calmo, tão suavemente entretido nos teus sonhos, sorrias e aninhaste-te quando sentiste a minha mão sobre ti.
Não querias acordar, querias ficar nesse lugar por ti criado, onde estavas quentinho, seguro e feliz… Custa-me tanto acordar-te de manhã quando estás assim.
Por isso desta vez fiquei simplesmente ali deitada ao teu lado com a minha mão sobre o teu corpo, a tua respiração pesada e a minha mão levada ao sabor do teu movimento, o teu cheirinho a misturar-se com o meu, sentia o teu coração que batia rapidamente como muitos dos ritmos que inventamos quando estamos juntos…
Minutos depois abriste os olhos, olhaste para mim, sorriste e voltaste a adormecer… Foi um olhar meigo, disseste-me sem palavras que querias que ali ficasse, que sabias que a tua mamã estava a olhar por ti e o teu soninho ia ser agora muito melhor. Como é bom estar ao teu lado quando dormes…
Infelizmente a ampulheta do tempo não se compadece com devaneios de mamã babada nem com sonhos de pipoquinhas… A dura realidade resgatou-me desse momento como num daqueles saltos negativos para o meio do nada, as horas, as horas… já parecia o coelho da Alice…
Então devagarinho, tanto quanto pude, fui-te dando beijinhos doces, miminhos leves como penas das asas de um anjo e por fim acordaste a sorrir… Ainda a sorrir…

Palavras

Pensa numa palavra
Uma qualquer das muitas que sabes
Para mim todas servem
As grandes, as pequenas
Bem ditas ou não
Jogo com elas
Com paciência
Com amor
Sei que vais errar
Não me importo
Está perfeito
Não mudo nada em ti
Nem mesmo as palavras
O som que rasga o ar
Quando sai da tua boca
É para mim melodia
A tua voz de bebé
Quando diz o meu nome
Chamas-me e eu sei
Uma palavra tão simples
Que me tornou quem sou
Tua Mamã
Para sempre.

O nascer de mais um dia

Hoje o dia amanheceu risonho, com um nascer do sol espectacular em tons de amarelo-torrado e laranja. Viemos durante todo o caminho anestesiados pela beleza do mar com reflexos dourados e gaivotas que pairavam sobre nós enquanto saudavam mais um belo dia…
Mas não me parecia quando às seis da manhã e depois de uma noite atribulada te ouvi tossir, uma tosse de cão grossa tipo pastor alemão... fiquei logo com o coração mais apertado. Para mim o dia estava já condenado a tons cinzentos e cores apagadas…
Sinto-me sempre muito impotente quando estás doente, dava tudo para poder trocar de lugar contigo e tirar-te qualquer dor ou desconforto que tenhas ou possas vir a ter.
Sei que só te posso dar muito miminho, ter muita paciência e dar-te força para não te deixares ir abaixo…
Desta vez acho que não é nada de especial, comeste bem a papa, ainda quiseste queijo com pão e estás muito bem disposto como de costume. É provavelmente só uma rouquidão passageira, ou pelo menos assim o espero…
Nunca pensei que fosse tão complicado ser mãe ou pai de alguém, é um amor tão grande, sinto tanta responsabilidade, um medo de não conseguir ser tudo o que precisas, de não estares bem, de sofreres, de… enfim, tanta coisa que não me passava sequer pela cabeça e agora está permanentemente comigo, pertence-me, não consigo desligar os sinais de alerta e também não sei se queria.
Quero só dizer-te que és o meu maior tesouro e como tal não quero, não posso ficar sem ti a meu lado, um instante sem ti parece-me um século por isso mal posso esperar hoje por te levar para casa com mais um fim-de-semana à vista…

Leãozinho

“Gosto muito de você leãozinho…”
É a música que hoje me anda na cabeça talvez porque tenho muitas saudades tuas e tu és sem duvida o meu leãozinho…
Adoro quando te pergunto como faz o leão e tu dizes “UÁÁÁÚUU” fazendo um jeito com a cabecinha cheia da tua enorme juba encaracolada.
Estás um leãozinho bem pesadote, com quase 13 kilinhos e vê lá que já me dás pela anca, é obra para um bebé que há pouco menos de 17 meses ainda estava na minha barriguinha!
Tenho tanto orgulho de ser a tua mamã leoa, de te ensinar pequenas coisas como a lenga-lenga da pitinha ou a música dos patinhos, de te ver cada vez mais feliz, de saber que estás bem e que não queres mais nada senão estar com os teus papás…
Eu sei que isso vai mudar em breve, o tempo passa a correr e estás a ficar mais independente a cada dia que passa. Isso é bom, eu quero que sejas uma criança confiante, seguro de ti mesmo, que gostes de estar connosco mas que estejas bem sem nós também. Mas não te vou dizer que não custa, adoro que sejas o meu leãozinho e como mamã leoa que sou queria estar sempre ao teu lado para te proteger.
O mundo em que hoje vivemos é em tudo pior que uma qualquer savana perdida no meio de África, os predadores são mais que muitos e as regras são tudo menos justas. Por isso é complicado saber como te educar, se por um lado quero sejas bom, que tentes ajudar quem precisa, que sejas justo, também não quero fazer de ti um cordeiro para todos esses lobos que por ai andam, nem que sejas sempre tu a lamber as feridas…
Espero só que ao longo deste nosso caminho consiga, com bastante bom senso e alguns rasgos de lucidez, traçar um percurso que te leve a bom porto, de preferência sem lutas com um Adamastor do mundo moderno e passando bem ao largo dos cabos das tormentas desta vida…

Jantarada!

Ontem fomos jantar a casa da Ana e do Goga, uns amigos dos papás que têm um pequerrucho lindo com quase 3 anos chamado André.
Para nós até foi género um teste a esta tua nova fase mais calminha e devo dizer-te que passaste com distinção!
Não fizeste birras, não deste nenhum grito estridente para testar o eco da casa e nem sequer estranhaste muito… Eu é que estranhei!!! :)
Claro que entraste cheio de vergonha como de costume mas depois foste brincar para o quartinho do André, sempre com a distância de segurança que dás a outras crianças, estiveste lá muito entretido a brincar com os animaizinhos, com um comboio de madeira e com um boneco do homem pedra que tinha um ar terrífico mas não te parecia assustar.
Estavas a brincar tão bem que arrisquei afastar-me e deixar-te com os “homens” e desta vez, embora estejas numa fase hiper mamã, não correste atrás de mim nem sequer andaste a gritar o meu nome aos sete ventos… ficaste somente a brincar, todo entretido com tanta bicharada! Claro que de vez em quando lá olhavas para ver por onde eu andava e se não me vias ias procurar todas as divisões até acabares por me achar na cozinha ao pé da Ana.
Essa foi outra surpresa… Engraçaste com a Ana de tal maneira que passaste o tempo todo a meter-te com ela, fazias sorrisos de cara toda enrugada, ias ao pé dela fazer ‘psiu’ à tua maneira, foste para o colinho dela e até lhe deste xi’s e beijinhos! Uma estreia realmente!
Ao André é que ainda tinhas um certo respeito até porque ele é o conhecido Flecha e anda a girar à nossa volta a toda a velocidade! :)
Terminámos o jantar por volta das 11 e tal e embora bem disposto estavas a ficar muito impaciente… Vieste no carro mais uma vez sem darmos por ti e embora pensássemos que estavas já a dormir chegaste a casa ainda com a pica toda! Depois do teu papá te mudar a fralda e pôr o pijaminha despedi-me de ti já cheiinha de saudades e foste dormir o teu soninho já muito merecido…

Mais um dia a correr!

Hoje não sei o que se passou…
Adormecemos todos e quando o teu pai me acordou eram oito e tal da manhã!!! Claro que depois foi uma correria, tomar banho, vestirmo-nos e tu ainda no teu soninho… sortudo!
Depois já quase despachados ouvimos-te a chorar, a chamar-nos e o teu pai saiu a voar da casa de banho ainda com o creme da barba tipo pai natal e acho que até te assustaste… Vinhas a chorar ainda com a lagrimita a cair pela face e todo estremunhado mas quando te fui mudar a fralda já estavas todo sorridente!
Vieste tão calmo durante o caminho para casa da avó, sempre a olhar lá para fora como costume, a saudar as tuas amigas gaivotas e o teu companheiro de sempre o Sr. Comboio…
Cada vez que os vês fazes “Aiiiiiiiiii” todo entusiasmado e é contagiante, ficamos logo bem dispostos, atrasados e tudo!
És mesmo um docinho, estás numa fase do melhor que há, com conversas novas todos os dias, e tentativas mais ou menos conseguidas de novas palavras. Normalmente os monólogos são “UNGPUNGLINGTRENG” e depois rematas tipo “PANTANPGLAS” e depois ris-te muito a olhar para nós com um sorriso malandro…
Ai, que saudades que tenho tuas meu pipoquita, apetecia-me estar contigo o dia todo, fazer parte de todas as tuas descobertas, enroscar-me contigo e sonharmos juntos com um mundo mágico onde tudo de bom acontece, onde todas as crianças são felizes e onde a realidade em que vivemos é apenas um pesadelo.
Quem me dera que os sonhos se tornassem realidade, pelo menos estes…

Fim-de-semana

Deitei-te. São quase dez e meia da noite e finalmente adormeceste depois de um fim-de-semana cansativo. Em dois dias fizeste cerca de 800 km mas quem te visse à minutos atrás não o diria...
Apesar de todas as viagens de um lado para o outro estiveste sempre bem disposto, dormiste bem e comer então nem se fala! Hoje comeste mais que eu, como é possível?! Mas também com a energia toda que gastas tem mesmo que ser assim...
Foi um fim-de-semana muito diferente mas estiveste nas tuas sete quintas, com a mamã e o papá dois dias inteirinhos e sempre a laurear a pevide...
Foi pena hoje ter estado a chover... Tinha pensado ir contigo dar um passeio e mostrar-te, agora que já gostas mais, as galinhas, patos, pavões, gansos, pombas e muito mais que andam lá pelo monte dos avós. Fica para a próxima...
Estás a ficar um gorduchinho lindo, com umas pernocas bem cheiinhas e uns bracinhos género “Shashaniguer” como a gente diz a brincar... Estás robusto, um verdadeiro chumbinho mas só agora é que estás a ficar com a carinha bochechuda como tinhas quando eras mais bebé. Mas a comer desta maneira não sei não... :)
Estás tão diferente, muito mais calmo do que eras, não sei se é por perceberes mais tudo o que te dizemos ou se é mesmo uma fase mas estamos a aproveitar...
O que aprendi desde que nasceste é que devo aproveitar todos os momentos porque nunca sei quanto tempo irão durar ou se terei outra oportunidade tão cedo. É muito bom ter filhos mas é uma ilusão dizer que nada muda.
É claro que tentamos sempre que a mudança seja mínima mas tu estás sempre em primeiro lugar e isso é o bastante para um plano sair furado quando menos se espera, seja um jantar calmo com o teu pai interrompido por um choro após a primeira garfada, uma viagem com tudo marcado cancelada à última da hora porque adoeceste, ou até mesmo saídas em que damos meia volta para trás por alguma coisa que nunca nos teríamos lembrado. Não interessa... não trocava um único momento contigo por nada deste mundo!
É claro que temos os mesmos sonhos e as mesmas vontades, e embora possa ser mais difícil ou demorado não vamos deixar de o fazer ou pelo menos de o tentar. É isso que te queremos transmitir também…
Esperamos viajar muito contigo, queremos levar-te a conhecer outros sítios, outras culturas, maneiras diferentes de pensar... Acho que dessa maneira vais ficar diferente, vais sentir novos cheiros, sabores de outros mundos, gente que não vive como tu e mesmo assim é feliz… Vais começar a perceber que a diferença é algo bom, é na diferença que crescemos e aprendemos uns com os outros.
Espero que te consigamos dar tudo isso, é a maior herança que te podemos deixar…

Poema

Hoje quis escrever-te um poema…

Um poema simples
Feito de palavras soltas
Com músicas de embalar
Sonhos desenhados por anjos
Maravilhas criadas só para ti
Ondas que abraçam a areia
E adormecem sobre as rochas
Gaivotas que rasgam o silêncio
Só para gritarem o teu nome
Montanhas que atravessam nuvens
De algodão doce como tu
Desertos nus sob um sol vermelho
Que se despede de ti com saudade
Cascatas embrulhadas em papel verde
Com laços de azul cristal
Uma Lua cheia do tanto que te quer
Tão branca como a luz que irradias
Todos eles querem estar contigo
Porque como eu sabem
O tão especial que és
E o muito que ainda vais ser…

Contos

Ontem pela primeira vez adormeceste enquanto te contava uma história…
Devias estar cheiinho de sono porque limitei-me a introduzir o herói, um príncipe com caracóis acobreados, alto, com porte atlético, e uma carinha linda de morrer… Estás a conhecer?!!
Pois é, quando ia lançada para a acção propriamente dita eis que tu já suspiravas, porque felizmente ainda não ressonas, e te viravas para baixo, a tua posição predilecta no momento.
E eu tudo bem…
Bem, estava com esperança de chegar pelo menos à parte onde o príncipe encontra a princesa dos seus sonhos e se apaixona perdidamente mas enfim…
Provavelmente quando perceberes alguma coisa das histórias vou ter que substituir rapidamente as princesas por dragões ou dinossauros, as planícies verdejantes e lagos translúcidos por florestas encantadas e mares revoltos, com montes de piratas, cavaleiros e espadachins à mistura… Vão ser aventuras perigosas e cheias de acção, onde tu claro és o herói principal!
Já imagino lutas e peripécias sem fim, caças ao tesouro, batalhas navais, duelos de espada, voos rasantes de cabeça para baixo…
Espero apenas que consiga entrar contigo nessas aventuras, que me deixes ser o teu Sancho Pança, ou então uma pseudo “Lara Croft” que te acompanha para todo o lado e te ajuda a salvar o dia…
Seja como for eu estarei aqui para o que der e vier e vou já pensando em novos contos que te envolvam em mundos mágicos só teus…
Mais tarde espero que percebas a magia e encantamento que tem um bom livro, podes tornar-te em tudo o que quiseres, viajares para paisagens longínquas, até para outros planetas e galáxias, lugares perdidos no tempo e personagens diferentes todos os dias e vais ficar viciado assim como os teus papás na grande aventura que é ler…

Brincar é preciso!

Este fim-de-semana brincaste até à exaustão!
Como estava bom tempo aproveitámos todos os bocadinhos que podíamos para passeares, brincares ao ar livre e assim apanhares um bocadinho de sol.
No sábado depois de termos estado os dois a brincar até o teu pai chegar por volta do meio-dia, e como estava tão bom tempo, achámos que ainda dava para brincares um bocadinho no parque ao pé de casa enquanto a mamã se despachava para sairmos todos.
Para mim foi óptimo porque além de saber que te estavas a divertir também tive tempo para me arranjar com calma, sem as pressas do costume…
São momentos de paz que contrastam com a agitação permanente que vivo quando estou contigo. Não penses que me farto de estar contigo, não é mesmo nada disso… Adoro estar e brincar contigo! Sempre!
Mas todos nós precisamos, uns mais que outros, de um tempo para parar, para estarmos ali apenas, em paz, avaliarmos tanta coisa que nos passa ao lado enquanto corremos de um lado para o outro no dia a dia…
Eu preciso dessas paragens, desses momentos, por mais breves que sejam, para me renovar, para recarregar baterias.
Sei que se irá reflectir em ti também… Dessa maneira o tempo que estivermos juntos vai ser mais cheio, todos os bocadinhos vão valer a pena porque não vou estar cansada ou sem paciência…
Vou contigo nas aventuras que quiseres, jogo às escondidas vezes em fim, conto-te histórias enquanto me tentas arrancar os livros da mão com um sorriso malandro, faço lutas de cócegas até não aguentares de tanto rir, ando contigo de triciclo pela casa fora em alta velocidade, vou apanhar as mil e uma bolas que espalhas pelo quarto para que as possas atirar outra vez enquanto te ris à gargalhada, dançamos os dois como uns tontos que somos e adormecermos juntos depois de tanta tropelia…
O teu papá disse-me que adoraste brincar no parque como costume. Eu estava já cheia de saudades tuas e quando me viste gritaste, com um brilho nos olhos e um sorriso do tamanho do mundo “MAMÃ!!!” Nessas alturas nada mais importa…
No domingo optámos antes pela praia e ali estiveste na areia, com um andar patusco e curioso em relação a tudo… A certa altura caíste e ali ficaste como que congelado, com os grãos de areia nas tuas mãos gorduchas. Depois mostraste as mãos ao papá como que a dizer “limpa-me lá isto que eu não gosto nem de olhar!!!”
Das duas vezes vieste completamente estafado, aquele cansaço saudável que te faz dormir como um anjinho…

Instantes

É sábado de manhã. Acordaste tarde, 11 da manhã, recorde de todos os recordes. Comeste a papa toda como se não houvesse amanhã e depois foste comigo para a sala.
Sentei-te ao meu colo e inexplicavelmente ficaste encostado a mim a ver televisão, o teu canal preferido, ainda talvez entorpecido por um sono exagerado de fim-de-semana.
Tão sossegado, tão tranquilo, tão raro…
Um momento que gostava parar, congelar, fotografar a preto e branco, guardar no meu livro de memórias.
Sentir o teu peso sobre mim, o teu calor, o teu cheiro, o teu cabelo desgrenhado sobre a testa, a tua mãozinha sobre a minha, as tuas expressões enquanto vês imagens coloridas a dançarem para ti…
O que pensas não sei mas estás feliz, sorris quando te viras para cima e olhas para mim. Envolves a minha face com a tua mão e aninho-me em ti, ficamos assim abraçados até ouvires mais uma música que sai da caixa mágica a que sabes chamarmos televisão.
Brincas com os pés, puxas os collants até ficarem do dobro do tamanho, danças ao ritmo da música, bates palminhas satisfeito mas sempre ao meu colo…
Estranhamente, talvez porque não quero que termine, parece já uma eternidade o tempo em que estamos assim, só os dois, mãe e filho, como antes, unidos por algo indefinido a que tantos chamam amor, outros dependência, e que eu não consigo explicar nem catalogar, apenas sentir… Penteio com os dedos os teus caracóis acobreados, “inspiro-te” prolongadamente, dou-te um beijo, um beijo demorado e doce como a papa que te perfuma a face e, tal como nas histórias que te hei de vir contar, acordas do teu encantamento e saltas sem demoras para o chão como se aquele instante não tivesse sequer existido, como se tivesse sido apenas um sonho de mãe numa normal manhã de sábado…

Centro do Universo

Agora todos os dias exploras sons e movimentos novos…
Começaste ontem a pedir queijo “quei”, a tentar fazer “psiu” e que te sai como se fosse um assobio mas todo molhado de baba!
Imitas-nos a toda a hora e se te achamos piada em alguma coisa não te esqueces e daí a um bocado lá estás tu outra vez para mais uma volta.
Agora reparaste que achamos piada à careta que fazes quando te damos laranja… como é ácida arrepia-te todo e tremes a cabecita toda fazendo um trejeito com os olhos. Então agora mesmo sem a laranja lá te lembras disso e fazes a tua melhor careta para rubro da plateia, a tua cara de orgulho quando vês que nos tens na mão!
As tuas avós andam babadíssimas!!! É felicidade pura que se vê nos seus olhos quando estão ao teu lado…
És tratado como um príncipezinho e então quando chegam os bisavós e a titi Mila à tarde é uma festa! Adoras ter montes de gente à tua volta a dar-te atenção e se por algum motivo achas que não estás a ter o tempo de antena merecido lá vêm aqueles gritos estridentes que até furam os tímpanos!!!
Mas é normal, queres chamar a atenção quando é raro não a teres… Todas as crianças até quase aos 3 anos se acham o centro do Universo e tu não és excepção. Há de vir o tempo em que vais perceber que o que outros querem ou dizem também interessa, e que importa mesmo que não te diga respeito directamente. Vais perceber também que na vida tudo o que semeares hás de colher e mais vale que a semente seja boa…
Vou tentar que tenhas sempre contigo sementes de carinho, amizade e compreensão, que as envolvas delicadamente em adubos de vontade e querer, e que as regues sempre com muito amor. Depois, sempre com muita paciência, esperarás pela colheita que será sem dúvida muito especial…
Eu cá estarei filhote para te dar as sementes e mais tarde colher os frutos... : )

Crescer...

Ainda ontem olhava para ti e não acreditava que há tão pouco tempo estavas cá dentro, na minha barriguinha (barriguinha é favor!!!), que te alimentavas através de um cordão que nos unia e nos tornava um só…
Sentias tudo o que eu sentia, falava contigo sempre que podia, cantava para ti, sonhava contigo e como seria quando estivesses finalmente nos meus braços…
Lembro-me tão bem quando nasceste… tão pequenino, embora ao pé dos outros não parecesse nada disso! Tinhas tanto cabelo para o que estava à espera, tão moreninho e vinhas com a cabeça género capacete aerodinâmico que demorou algum tempo a passar…
Mas eras tão fofinho, tão perfeitinho, tudo o que sonhava e ainda mais!
Agora estás ainda mais querido, muito meiguinho e sabichão, um danadinho lindo que nos faz sorrir mesmo quando não estamos bem…
Estás tão grande filhote, olho para ti e vejo um rapazote com uma personalidade forte, o que por vezes para nós não é bom, um humor requintado e uma carinha linda que se ilumina cada vez que olha para nós… e claro nos ilumina também…
És muito mimado por todos mas acho que é bom, muito bom poderes ter tanto mimo neste princípio de vida. É claro que agora começaste com a fase das birras, como todos os bebés aliás, e temos que te impor regras e limites mas o mimo não tem nada a ver com isso…
Mimo é retribuir-te todas as meiguices que nos fazes, estar contigo e aproveitar-te o mais possível, são dias que não voltam mais e agora todos os dias contigo são diferentes…
Não quero perder aquele sorriso malandro quando vais fazer alguma traquinice, a maneira como jogas à apanhada comigo, a tua gargalhada de felicidade quando te ataco com cócegas, o teu olhar quando me vês…
São momentos que quero ter para sempre, quero guardá-los num cantinho (enorme) do meu coração para que os possa resgatar quando achar que não tenho forças para seguir em frente…
Dás-me uma força que não sabia ter, dás-me vontade de ser melhor todos os dias, por ti, por mim.